Dois grupos de golfinhos também foram avistados durante a ação, que é uma iniciativa da SCPar Porto de Imbituba, realizada numa parceria entre a empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental e o Instituto Australis/Projeto Baleia Franca.
No dia 15 de julho, foi realizado o primeiro dos três sobrevoos da temporada 2018 de avistagens, previstos no Programa de Monitoramento de Cetáceos realizado no âmbito do Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPar Porto de Imbituba. O objetivo da ação é o monitoramento dos mamíferos marinhos que visitam a região da Área de Proteção Ambiental – APA da Baleia Franca, entre os meses de julho e novembro.
Segundo o oceanógrafo da Acquaplan, Gilberto Oliveira Endoh Ougo, 36 baleias-francas foram avistadas entre a região sul de Florianópolis e a praia de Torres, no Rio Grande do Sul. “Eram 13 pares de mãe e filhotes e dez baleias-francas adultas sozinhas, sendo a maior concentração nas praias do Rosa, Ibiraquera, Ribanceira e Itapirubá, em Imbituba”, comenta o oceanógrafo.
Ele também registrou a avistagem de dois grupos de golfinhos. “O primeiro grupo estava se deslocando, com filhotes, da Barra de Ibiraquera para a praia do Rosa, e eram da espécie nariz-de-garrafa, a mesma que realiza a pesca cooperativa em Laguna, junto aos pescadores. Não foi possível identificar a espécie do segundo grupo”, explica Gilberto.
Este é o décimo ano que o monitoramento é realizado pela SCPar Porto de Imbituba. Desde sua implantação, o monitoramento utiliza metodologias de avistagem aérea e terrestre para catalogar a localização geográfica e o comportamento desses animais, a fim de ampliar o conhecimento acerca da ecologia das espécies frente às atividades portuárias.
Como os navios que chegam a Imbituba atravessam a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, o monitoramento da frequência e do comportamento de cetáceos no entorno do porto e o acompanhamento do tráfego de embarcações, evita as rotas de colisão e zelam pela preservação da espécie.
Anualmente, mais de 100 baleias são registradas, em média, em Santa Catarina. A maioria é de fêmeas em fase de procriação, que “passeiam” entre Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e a região sul de Florianópolis, em Santa Catarina, limites da APA da Baleia Franca. Elas vêm para a costa sul-brasileira à procura de águas quentes e enseadas protegidas para o nascimento de seus filhotes.
Estima-se que a cada três anos as baleias-francas têm um novo filhote, sendo que o tempo de gestação é de 12 meses. Elas partem da Antártica, onde se alimentam e acumulam reserva energética em forma de gordura para a jornada rumo ao continente sul-americano.
O Programa de Monitoramento
As avistagens feitas pelo Programa de Monitoramento de Cetáceos do Porto de Imbituba são realizadas a partir de pontos estratégicos do litoral, dentro e no entorno da área portuária. O monitoramento terrestre ocorre diariamente, em pontos de observação nas praias do Porto e Ribanceira, em Imbituba. O tempo de observação padrão é de seis horas diárias, divididas em dois turnos, podendo variar de acordo com a quantidade de horas/luz diárias e condições climáticas, bem como a movimentação dos navios.
Além dos monitoramentos, o Porto de Imbituba também faz o Procedimento Interno de Boas Práticas, implantado em 2017 com o objetivo de conscientizar a tripulação dos navios sobre a presença das baleias-francas no entorno do porto. “Nessa abordagem eu levo informações sobre o comportamento das baleias-francas, mostro para eles o mapa dos limites da APA e também explico como ocorre o monitoramento dos cetáceos no porto”, comenta a oceanógrafa Camila Amorim, analista portuária da SCPar Porto de Imbituba.
Essa atuação focada na preservação das baleias, enquanto dá continuidade às operações portuárias de forma sustentável, rendeu ao Porto de Imbituba três premiações: o Prêmio Empresa Cidadã ADVB/SC, categoria Preservação Ambiental, nos anos de 2016 e 2017 e o 23º Prêmio Expressão de Ecologia, categoria Conservação da vida silvestre.
Sobre as baleias-francas
A histórica tradição da caça às baleias-francas em Santa Catarina quase levou a extinção da espécie na década de 1970. Apenas na década de 1980 elas voltaram a ser observadas na costa brasileira, resultando no Decreto nº 92.185, de 20 de dezembro de 1985, que pôs fim à caça de todas as espécies de baleias no Brasil, a partir de 1º de janeiro de 1986.
Avistagens realizadas esporadicamente nos anos 1990 confirmaram o retorno da espécie à região sul do Brasil. Isso motivou o Governo Federal a instituir, em 2000, a APA da Baleia Franca.
“Elas costumam retornar para essas áreas mais rasas e abrigadas para terem os filhotes. Todos os animais visualizados pelo monitoramento na região da APA e no entorno do Porto de Imbituba são catalogados por meio de fotografia e filmagem das calosidades que elas têm em cima da cabeça, que são únicas para cada animal, como se fosse uma digital. Com isso, podemos saber se elas retornam”, explica o oceanógrafo Gilberto Oliveira Endoh Ougo, especialista da Acquaplan.