NOVEMBRO MARCOU O FIM DA TEMPORADA 2017 DE AVISTAGENS AÉREAS DE BALEIAS FRANCAS EM SANTA CATARINA

27/11/2017 Categoria: Geral

No dia 1º de novembro, o terceiro sobrevoo de monitoramento da baleia franca (Eubalaena australis) marcou o fim da temporada 2017 de avistagens aéreas em Santa Catarina. Apenas uma fêmea adulta com filhote foi avistada na Praia d’Água, em Imbituba. Além dela, duas baleias de bryde (Balaenoptera edeni) também foram encontradas, uma no Farol de Santa Marta, em Laguna, outra no Balneário Rincão. Assim como constatado nos dois sobrevoos anteriores, todas estavam dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca.

A análise inicial do número de avistagens registradas este ano já é considerada positiva em relação a 2016. Comparado ao resultado do ano passado, há sinais de que a população deste mamífero marinho pode ter aumentando. Mas a confirmação só virá dentro de alguns dias, após avaliação dos dados coletados no último monitoramento aéreo.

A observação aérea faz parte do Programa de Pesquisa e Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e Adjacências, realizado pela SCPar Porto de Imbituba e executado pela empresa Acquaplan, com a participação da pesquisadora Karina Groch, do Projeto Baleia Franca. O sobrevoo de novembro ocorreu entre as cidades de Florianópolis (SC) e Torres (RS), e teve duração de quatro horas.

Este é o quinto ano que a SCPar Porto de Imbituba desenvolve o Programa, com uma metodologia de trabalho que inclui duas modalidades de monitoramento: terrestre e aéreo. As avistagens aéreas ocorrem em três sobrevoos: no início (julho), meio (setembro) e fim (novembro) da temporada. Já o monitoramento terrestre é feito durante todo o período reprodutivo e de amamentação, de julho a novembro, a partir de dois pontos de observação, nas enseadas das praias do Porto e Ribanceira, ambas localizadas em Imbituba. A observação terrestre se estende até o fim deste mês e o relatório final da Temporada está previsto para ser apresentado em janeiro de 2018.

Conforme explica a oceanógrafa do Porto de Imbituba, Camila Amorim, o monitoramento da baleia franca, aliado aos programas ambientais de conscientização realizados pelo porto, possibilitam que as operações portuárias ocorram de forma mais segura e que continuem a se desenvolver de forma consciente e sustentável.

 As baleias francas

A maior parte das baleias francas avistadas durante a temporada 2017, dentro e no entorno da APA da Baleia Franca, são fêmeas com filhotes. A rota migratória da espécie ainda é incerta, mas sabe-se que elas partem da Antártica, onde, no verão, se alimentam de krill, um pequeno crustáceo que vive em grandes aglomerações nos oceanos polares, e acumulam reserva energética em forma de gordura para a jornada rumo ao continente sul-americano. Elas se aproximam da costa sul-brasileira à procura de águas quentes e enseadas protegidas, para procriação e amamentação.

Vítimas da secular caça indiscriminada (estima-se que nos últimos 400 anos as baleias tenham sido ostensivamente alvo da atividade antrópica, dados os diversos insumos obtidos a partir do animal, como óleo, carne, ossos e barbatanas), as baleias francas diminuíram drasticamente sua presença na costa brasileira em meados da década de 1970.

No entanto, sua caça só foi definitivamente encerrada no Brasil na segunda metade da década de 1980, por decreto federal, após exaustiva campanha mundial pela proibição do abate desses animais. As baleias francas só retornaram às enseadas do sul do Brasil no decorrer dos anos 1990. Em 2000, criou-se por decreto federal a APA da Baleia Franca, com o objetivo de proteger a principal área de ocorrência da espécie no Brasil.

As baleias de bryde

Avistadas novamente neste último sobrevoo do Programa de Pesquisa e Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e Adjacências, as baleias de bryde, diferentemente dos outros misticetos (espécies de baleias com barbatanas, ao invés de dentes), não migram entre regiões subpolares e áreas temperadas/tropicais. Isso ocorre, provavelmente, devido sua dieta generalista, permitindo que ela tenha mais opções de presas, diferente da baleia franca, que se alimenta especificamente de zooplâncton, principalmente krill antártico.

Além disso, as baleias de bryde não apresentam uma estação reprodutiva bem definida, fazendo com que seus filhotes nasçam o ano todo. É uma espécie que ocorre na costa brasileira, mas normalmente suas avistagens são associadas à presença de grandes cardumes de peixes.