Sequência de palestras promovidas pela importante empresa mundial de dragagem aconteceu em Itajaí e contou com a participação de palestrantes brasileiros e estrangeiros.
A região da foz do rio-Itajaí-Açu sediou, na manhã do dia 15 de agosto de 2018, no Novotel, em Itajaí, o seminário “Técnicas de dragagem aplicadas ao desenvolvimento portuário e recuperação de faixas litorâneas”, promovido pela holandesa Boskalis, uma das maiores empresas de serviços de dragagem, construção e manutenção de infraestruturas marítimas no mundo. O evento, realizado com a parceria do Grupo Acquaplan, foi a terceira edição do itinerante “Boskalis on the Move”, que promove palestras pelo mundo com especialistas brasileiros e estrangeiros renomados nesta área.
O seminário teve cinco palestras em sua programação, todas focadas em aspectos relacionados a desenvolvimento e gestão de projetos voltados à solução de processos erosivos, engordamento de praias e processos de dragagem e derrocagem em ambientes costeiros e portuários.
Um breve histórico dos trabalhos de engordamento da praia de Gravatá, em Navegantes, foi apresentado pelos oceanógrafos Antonio Henrique da Fontoura Klein e João Thadeu de Menezes, ambos doutores e professores na área de morfodinâmica e processos costeiros. Em seguida, o Programa Nacional para Conservação da Linha de Costa – Procosta foi apresentado pelo também oceanógrafo Regis Pinto de Lima, coordenador geral de Gerenciamento Costeiro no Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Esse debate introdutório relacionado a ambientes de praia foi importante para que os cerca de 130 presentes no seminário conhecessem as realidades das praias em processo de erosão que atingem as praias do litoral catarinense e brasileiro. “A estimativa atual do Procosta é que cerca de 40% da costa brasileira esteja passando por processos erosivos ou algum tipo de vulnerabilidade costeira”, apontou Regis Lima.
O oceanógrafo trouxe dados e um vídeo relacionado ao tema, e apresentou o Procosta como uma das ações do governo federal no sentido de diagnosticar o estado atual desta vulnerabilidade costeira brasileira. “Acreditamos que as ações e projetos do Procosta trarão à tona um inédito diagnóstico de todo o litoral brasileiro a fim de disciplinar políticas públicas de distribuição de recursos para os municípios apresentarem projetos eficientes de recuperação desses ambientes”, projetou o representante do MMA.
Operações costeiras
Após os temas introdutórios de Klein, Menezes e Lima, a Boskalis apresentou os temas “A dragagem como ferramenta para o gerenciamento de praias arenosas e da infraestrutura aquaviária” e “Técnicas e aspectos gerais de obras de derrocamento submarino”. As palestras foram ministradas, respectivamente, pelo holandês Han Winterwerp e pelo finlandês Sami Soikelli.
Han destacou técnicas de recuperação de ambientes costeiros a partir das dinâmicas naturais dos ambientes costeiros. Ele mostrou um exemplo de dragagem na Holanda onde a circulação das correntes, a ação dos ventos e o transporte natural da areia, com mínimo auxílio de máquinas e equipamentos, viabilizaram o engordamento e recuperação de uma significativa extensão de praias. “Tratamos do conceito de construir com a natureza respeitando os processos naturais e as escalas espaciais e temporais do ambiente”, explicou o doutor em Oceanografia.
Já o engenheiro Sami Soikelli apresentou técnicas de derrocagem da Boskalis aplicadas em ambientes portuários. Trata-se da decomposição de grandes rochas submersas utilizando técnicas de perfurações ou explosões, e maneiras de recomposição desse material na construção de diques e molhes. O finlandês também destacou aspectos relacionados à proteção de ruídos gerados nestas operações, restringindo incômodos sociais comuns a este tipo de obra.
O seminário foi concluído com a diretora de Regularização Ambiental do Instituto de Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina, engenheira civil Ivana Becker. O IMA substituiu recentemente as atribuições da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina FATMA, e é responsável pelo licenciamento de obras costeiras no Estado.